sábado, 6 de dezembro de 2008

Em fogo lento ...


Se um dia me esquecer porque te amo, lembra-me.

Mas, lembra-me só as coisas boas...

Conta-me ao ouvido, com voz miudinha e matreira... devagarinho...

Deixa-me a arder em fogo lento...

Lembra-me, e eu prometo não me esquecer...


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Nós e a cidade

A cidade é realmente o berço dos arrependidos. Toda a sua candura matinal se confunde numa perfeita simbiose entre os rostos perdidos. As frustrações, guardadas dentro de cada um de nós, parecem fazer mais sentido do que nunca quando estamos no coração da cidade.

Só nós, os tristes, continuamos a perceber o quanto a cidade é magnifica nas suas tonalidades frias e obscuras de cada esquina.Só nós nos recusamos a ziguezaguear por entre as poças de água das calçadas, feito baratas tontas caminhando pelos labirintos citadinos.

Só nós recebemos de braços abertos as primeiras chuvas. E, só nós conseguimos gelar os nossos pulmões ao respirar bem fundo em cada manhã fresca. Só nós conseguimos dizer bem alto, no mais profundo de nós mesmos, "Estou viva!"

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pecados...

Teus olhos percorrem meu corpo com mãos ardentes. Adivinhas o meu paladar sem me beijares. És como uma tempestade que me envolve em desejo e desespero. És como um farol que me ilumina as noites e os sonhos. Dizes que são os meus olhos que te enlouquecem, mas são os teus que me deixam em brasa. E nesta loucura que é a vida, é aos teus pés que deixo a minha. E como é bom amar-te em pecado...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Entre olhares

Teus olhos te denunciam. Meus olhos te desejam. Tuas mãos irrequietas fazem promessas de amor. Minhas mãos despertas desfazem-se sem qualquer pudor. Não, não precisas de dizer nada. Sei de cor o que sentes e o que esperas. Ambos conhecemos o caminho que percorremos. Sabemos que vamos descarrilar...

sábado, 1 de novembro de 2008

Aconteceu - Ana Moura

Aconteceu... eu não estava à tua espera
E tu não me procuravas nem sabias quem eu era
Eu estava ali só porque tinha que estar
E tu chegaste porque tinhas de chegar
Olhei p'ra ti, o mundo inteiro parou
Nesse instante a minha vida
A minha vida mudou
Tudo era para ser eterno e tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, o que foi que aconteceu
Aconteceu... chama-lhe sorte ou azar
Eu não estava à tua espera e tu voltaste a passar
Nunca senti bater o meu coração
Como senti ao sentir a tua mão
Na tua boca o tempo voltou atrás
E se fui louca, essa loucura
Essa loucura foi pouca


São raras as vezes em que, para além de um magnifico poema, também temos o privilégio de ouvir uma magnifica voz. Clique sobre o título e delicie-se com este presente...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Onde quer que estejas

Lembro-me de ti. Lembro-me de quando me pegavas na mão e me guiavas até ao terraço onde me contavas histórias e estrelas. Lembro-me de quando me levavas às costas e ias nadando seguindo a força da água. Lembro-me do dia em que me ensinaste a nadar sem ter medo da água fria da ribeira. Lembro-me de apanharmos alfaiates da água doce. Lembro-me de ir passear contigo pelo pinhal onde me ensinavas cantigas da tua juventude e palavras que desconhecia. Lembro-me de me esconder atrás de ti quando a mãe queria pentear-me. Lembro-me de apanharmos grilos nas hortas do milho verde. Lembro-me tanto de ti avô. Ao fim e ao resto, continuo a ser a tua menina e continuo a ver o mundo pelos teus olhos. Onde quer que estejas.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Que me importa...


Que me importa que chova e arrefeça
Que me importa se naufragar
Sou o dono do Mundo
Sou o Vento a sufocar
Sou o trovão que ruge
Sou o mar a praguejar
Sou a mão que te aconchega
Na escuridão do luar

Que me importa que viva ou que morra
Que me importa se acabar



sábado, 11 de outubro de 2008

Seremos...

Um dia seremos pedaços de tinta perdidos entre as pinceladas que alguém sonhou.
Um dia seremos esquecidos.
Seremos migalhas... cinzas... nada...
Seremos um eco distante que ninguém entendeu.
Seremos livres...
Seremos livres para, finalmente, SER!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Pequenos prazeres

Adoro ter-te entre meus lábios e sentir esse calor que me consome. Adoro esse teu cheiro que fica entranhado na minha roupa, na minha pele, na minha boca... Adoro esse teu sabor amargo que fica em mim quando te deito por terra e te abandono.
Ah! Saboroso cigarro! Adoro esses pequenos instantes que passas comigo...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A espuma

Entro de pés juntos no meu banho de pensamentos
Tenho tempo para me molhar com um sabonete perfumado
Deixo-me cair de costas na água doce
A espuma estremece
A espuma enlouquece
A espuma entre tu e eu
Deixo-me cair
Hoje tenho tempo para te amar...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Nascente


Nascente
Cristalino e puro
Despejado de preconceito
Sem mágoa
Sem defeito
Com vontade de Viver

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Mar

Mar
ondas de pensamentos incertos
profundos como os oceanos
e leves como o vento

Mar
reflexo da minha alma salgada
que flutua feito maresia
adormecida em manhã de Inverno

Mar
abraços incessantes de frescura
presos no tempo da nossa memória

Prometido é devido...

Um dia destes, pediste-me para contar a nossa história. Mas, descrever-nos é difícil... Acredito que o nosso primeiro encontro estava escrito nas estrelas. Não foi antes, nem depois, foi no momento exacto. Como se fosse algo em que Deus tivesse perdido algum tempo a pensar. É estranho quando pensamos no dia em que nos conhecemos. Tivemos os mesmos amigos durante anos e só nos encontrámos naquele dia, naquela festa, naquele tempo em que ambos estávamos disponíveis para acolher um verdadeiro amor. Foi magia, eu acredito que sim. Assim como acredito que, o amor que nasceu de nós dois, foi algo tão puro e transparente que emanava o seu perfume a todos os presentes. E todos diziam que era óbvio que iríamos ficar juntos. A verdade é que não conseguíamos estar longe um do outro, as nossas mãos e os nossos sorrisos denunciavam-nos. Tanta paixão, tanto amor, tanta cumplicidade criada ao longo destes anos. E, acredito que, por vezes, foi mesmo um milagre termos permanecido juntos. A nossa fogueira esteve várias vezes ameaçada. Porém, resistimos, ainda resistimos. Acredito que sim, que somos especiais, que somos abençoados. Acredito que, mais uma vez, Deus estava certo em te colocar à minha beira. Acredito que Ele nos guarda, como se fossemos o seu pequeno tesouro especial. Acredito que sim.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Renascer

Quando os corpos se unem,
no calor, no frenesim ...
Quando as almas se cruzam,
num delirio sem fim ...
O Amor renasce.
Como força,
Como vida,
Como milagre de Deus.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Gostos ...

Gosto quando me agarras os cabelos com força e me encostas à parede com calor. Gosto quando me prendes com os teus lábios e me fazes subir todas as escadas do prazer. Gosto de subi-las em passo apressado e chegar ao topo com rapidez. Gosto de lá chegar. Lá, onde o céu e a terra se encontram. Lá, onde perco a noção do tempo e do espaço. Lá, onde adormeço com as estrelas e sonho com um mundo mais que perfeito. Lá, onde eu olho nos teus olhos e vejo o reflexo de nós dois.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Bailarina

Sou bailarina, que em bicos de pés esvoaço, feito borboleta que encontra a luz. Entrelaço o meu cabelo com o vento. Rodopio pelo chão como um pião na tua mão. Rodopio com a força de um grão de pó ou poeira, que segue a brisa e a brancura do tempo. Os meus braços abertos abraçam todos os espaços e a minha voz alcança os mares mais distantes. Sou perfeita nos meus movimentos. Sou bailarina e danço com a Vida.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Palavras em remoinho

Às vezes o pensamento voa para longe, para tão longe. Voa leve ao teu encontro... Voa por caminhos fieis à minha essência e mergulha em risos e riachos, em beijos e abraços. Contorna curvas e medos, sombras e segredos. Voa abrindo todas as portas, com a coragem e determinação de alguém que anseia por te encontrar. Porém, voa com medo de nunca chegar... ou com medo de chegar muito perto...
E às vezes fechamos os nossos pensamentos e demónios a sete chaves, e as sete chaves guardamos na mão. Fechamos os olhos para a Vida e fechamos a porta do coração. Fechamos as mãos que vão dadas, pelos caminhos, em solidão. Fechamos tudo e todos no nosso mundo de ilusão...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Si longtemps...

Les mots d'amour que tu m'as dit je les ai jeté au vent, car mon coeur n'a pas le pouvoir de les gardés. Et toutes les memoires de nous deux, touts les soupires, les caresses et même les promesses, je les ai laissé partir avec le temps, car dans mon coeur il n'habite que la solitude. Et donc je suis seule, perdue dans les rues de la cité. Mais, je ne regrette rien de ce que j'ai fait ou dit. Je ne regrette pas les instants qu'on a passé prés du ciel. Et pourtant je me demande...
Si tu voulait fuir, pourquoi est-tu resté si longtemps?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

São de silêncio as palavras que te digo

São os meus suspiros que te abraçam
São de silêncio as palavras que te digo
São de calor os beijos que te ofereço
E é

Em cada dia
A cada instante

Em que eu transbordo sobre ti
Que mais me reconheço
Entendo
Aceito...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Imperadores do Amor

"Ainda que o tempo desfaça o que sentimos um pelo outro... Ainda que este instante, um dia, seja recordado apenas com ternura. Ainda assim, eu irei lembrar-me que foste tu que me deste o mundo... E, hoje, aqui, juntos, fomos Imperadores do Amor."


O Sol espreita à janela. As roupas continuam perdidas pelo chão. Os lençóis escondem dois corpos e os nossos braços continuam entrelaçados. O nosso respirar já não é ofegante, mas distante, cansado. E o Amanhã acabou de chegar à nossa janela. Abro os olhos lentamente. Olho para o relógio da cabeceira. Não estou pronta para acolher o novo dia, mas, assim tem de ser. Ele continua a dormir, perdido nos meus braços de mulher. Perdido por mim. Tem a cabeça repousada sobre o meu peito e descansa. Ele continua a dormir. Lentamente, levanto-me, sem o perturbar. Levanto-me e olho-me ao espelho. Nua. Nua para a vida. Nua, mas decidida. Sei que não sou a mesma de ontem à noite. Sei que estou consciente de tudo o que fiz e senti. Sei que estou livre. Recolho, peça a peça, a minha roupa espalhada pelo chão. Sento-me no pequeno sofá encostado num canto do quarto. Respiro fundo e começo a vestir-me, sem fazer barulho, para não o acordar. Levanto-me, procuro a minha bolsa, tiro um papel e uma caneta e escrevo. Coloco o bilhete na mesinha da sua cabeceira e decido ir-me embora. Caminho para a porta e agarro o puxador com força, com tanta força. Respiro fundo,respiro coragem. Rodo o puxador, abro a porta, saio e fecho a porta atrás de mim. Fecho a porta que tanto anseio por abrir de par a par, a porta do meu coração.

Ele continua a dormir. O Sol espreitou pela janela e já entrou no quarto sem pedir licença. Ele acorda. Sabe que está sozinho, pois ouviu a porta a fechar-se quando ela se foi embora. Lê o bilhete e sorri. Levanta-se e vai tomar banho. Depois de estar algum tempo debaixo da água corrente, pensa nela. E pergunta-se se será sempre assim... Enxuga-se na toalha branca de hotel. Apercebe-se que terá de vestir a roupa do dia anterior e faz uma careta. Apanha a sua camisa branca do chão e começa a vestir-se. Quando termina, abre a porta e sai.

Depois do almoço, dona Albertina, camareira há dez anos no hotel, entra no quarto 311 para fazer o seu trabalho. Olha ao seu redor e pensa que vai ser um quarto fácil de arrumar. Começa por trocar os lençóis e, no meio da brancura do tecido, surge um pedaço de papel. Curiosa como é, lê o rascunho. Quando acaba, senta-se na cama e chora. Pois é, dona Albertina, o que tem de curiosidade, também tem de romantismo!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Da minha janela para a tua

Da minha janela para a tua corre um rio que nos separa. As suas águas são profundas e correm permanentemente à velocidade do tempo que nos rodeia. As suas águas são tão escuras quanto os nossos corações. É impossível encontrar-mo-nos no meio de tanta escuridão e, apenas com a chegada do calor, tempo em que o rio apazigua as suas águas ferozes, só aí nos pertencemos.

Da minha janela para a tua mil sonhos e pensamentos navegam pelo espaço. Pedaços do meu coração que lutam e insistem em chegar à tua cabeceira.

Da minha janela para a tua há um mundo a rodopiar, repleto de cores e sinfonias, repleto de perfumes e essências de tudo aquilo que é teu e não te pertence.

Da minha janela para a tua há um rio a transbordar...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A corrupção do tempo

O tempo. O tempo corrompe a nossa vida, feito brisa matinal que se desfaz perante os nossos olhos. Será que o tempo te corrompeu a ti... Será que te esqueces-te de mim, de nós, de tudo o que fizemos, sentimos e vivemos? A ti que disseste que serias eterno... A ti que fizeste promessas de amor... A ti que, afinal, és tão mortal quanto eu!
O tempo. O tempo tem destas coisas... vai passando, dia após dia, meses e anos, que são como oceanos intemporais e, no entanto, tão finitos...
O tempo.O tempo é tão perturbador... Passarei a minha vida pensando em ti; por onde andas, que fazes, com quem estás... incógnitas que me atormentam... respostas que teimam em não aparecer... Como um barco vazio... é assim que me sinto... leve... leve ... num temporal...

Só por hoje ...

Só por hoje ... Te deixarei pegar na minha mão... só por hoje serei tua... só por hoje...

Só por hoje poderemos estar juntos... completos. Partilhando momentos e tempos reais como os nossos sentimentos... como os nossos olhares cumplices, penetrantes, indefesos no mundo... contra o mundo... contra nós...

Só por hoje deixarei as minhas dúvidas à porta do quarto. Só por hoje deixarei cair a minha roupa por terra. Só por hoje te deixarei olhar para mim, inocente... Só por hoje te beijarei com calor. Só por hoje me entregarei a ti e a este sentimento. Só por hoje e nunca mais ...

Só por hoje e nunca mais...