Lembro-me de ti. Lembro-me de quando me pegavas na mão e me guiavas até ao terraço onde me contavas histórias e estrelas. Lembro-me de quando me levavas às costas e ias nadando seguindo a força da água. Lembro-me do dia em que me ensinaste a nadar sem ter medo da água fria da ribeira. Lembro-me de apanharmos alfaiates da água doce. Lembro-me de ir passear contigo pelo pinhal onde me ensinavas cantigas da tua juventude e palavras que desconhecia. Lembro-me de me esconder atrás de ti quando a mãe queria pentear-me. Lembro-me de apanharmos grilos nas hortas do milho verde. Lembro-me tanto de ti avô. Ao fim e ao resto, continuo a ser a tua menina e continuo a ver o mundo pelos teus olhos. Onde quer que estejas.
Que me importa que chova e arrefeça Que me importa se naufragar Sou o dono do Mundo Sou o Vento a sufocar Sou o trovão que ruge Sou o mar a praguejar Sou a mão que te aconchega Na escuridão do luar Que me importa que viva ou que morra Que me importa se acabar
Um dia seremos pedaços de tinta perdidos entre as pinceladas que alguém sonhou. Um dia seremos esquecidos. Seremos migalhas... cinzas... nada... Seremos um eco distante que ninguém entendeu. Seremos livres... Seremos livres para, finalmente, SER!
Adoro ter-te entre meus lábios e sentir esse calor que me consome. Adoro esse teu cheiro que fica entranhado na minha roupa, na minha pele, na minha boca... Adoro esse teu sabor amargo que fica em mim quando te deito por terra e te abandono. Ah! Saboroso cigarro! Adoro esses pequenos instantes que passas comigo...