segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Do alto

Do alto, conseguia avistar o caminho irregular, as casas esmorecidas, os jardins desbotados. Era uma tarde fria, como tantas outras perdidas. E eu lembrei-me mais um milhão de vezes, de todas as vezes das vezes, daquele dia que nunca esquecia... o dia em que te vi partir. De costas voltadas, ombros gastos, sem sombra, voz derrotada, caminhando sempre a descer, aumentando a distância entre nós.
Do alto, pensei que um dia me esquecia, mas todos os dias partias.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sorriu

Saiu de casa apressada. a chuva roubou-lhe o penteado. o relógio ficou esquecido. a agenda mais demorada. saiu de casa apressada e arrastava o sonho consigo. pelo caminho, entre as estações, respirava a pausa do tempo perdido. saiu de casa apressada e levava o telemóvel consigo. este vibrou ao som da escrita "bom dia. quando te deitas destróis todo o ordenamento dos lençóis e provocas o caos na nossa cama." Ela sem pressa sorriu.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Manhã Magenta

Antes que eu pudesse dizer o que quer que fosse, tu roubavas-me todos os pensamentos e as minhas palavras saíam serpenteadas da tua boca. Nem sempre foi assim, houve um tempo em que o mistério rondava os lençóis da nossa cama e a vida poisava lentamente à nossa cabeceira. Hoje, tudo está às avessas, o veneno corrompeu o tempo e nada mais há para lembrar. O encanto escondeu-se, a volúpia magenta ofuscou o brilho dos sonhos e só podemos suplicar por uma breve manhã ao acordar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

no fundo... no fundo...

hoje pesas-me e levas-me para o fundo de ti.
sei lá eu porque é assim.
no fundo... no fundo...
gosto tanto de ti.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

à fina força


Quase consegui adormecer. Descobri à fina força que a diferença entre estares presente ou ausente existe apenas em mim. Os poemas de Caeiro apaziguaram-me. Vou sair. A tarde começa a escurecer e é quando mais gosto dela. Quiçá o mais incrível aconteça! Afinal, a vida acontece todos os dias da nossa vida...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

dar de mim


nunca me faltará para dar de mim. as minhas mãos estarão sempre cheias para ti. dos meus cabelos flutuarão poemas e pedras feito pequenos sóis pirilampos. dos meus lábios todos os silêncios te esperarão, dormentes, em formigueiro. nas minhas pernas sempre existirão passos de dança ou simplesmente sombras firmes e sóbrias, laços para te aconchegar. no meu peito sempre encontrarás os espinhos que deixáste para trás sem consentimento meu. nunca me faltará que te dar...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

as malhas ululantes

Ela, que se olhava todos os dias ao espelho, sabia, pois os espelhos não mentem tanto como o coração. Assim era, a malha da sua vida estava às avessas. O tempo foi erguendo as mais altas torres e esta tortura era bem real. O desejo contorcia os gestos das mãos. A sede escravizava a boca. As palavras saiam como esmolas secas. Esquecera-se de contar com o impossível.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Cantos do meu coração

Teus dedos desenharam em mim linhas que desconhecia e da minha boca saíram sons que nunca tinha escutado antes. E foi então que comecei a sentir saudades daquilo que poderia ter sido e não foi. E no meu coração senti dores em cantos que nem sabia existirem. E tu disseste-me baixinho ao ouvido: " Sem palavras, meu amor, sem palavras."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

apenas só



sem princípio
sem fim
um amor nasceu assim
por acaso
planeado ou destinado
um amor apalavrado
nem os anjos sabiam de nós
nem da nascente, nem da foz
agora tudo se transformou
o amigo foi esquecido
o tempo tem desaparecido
e fiquei apenas só.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Run away with me and fly


Run away with me and fly
Take me to places where i've never been
Far, far away from these days of trouble
Far, far away from these walls of summer

Run away with me and fly
I promisse you i'll never be blue
Make all my dreams come true
Take my hand and come with me
Far, far away... set me free

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Coisas estranhas que acontecem


suponho que foi contigo porque tinha de acontecer com alguém. foi porque tinha de ser e não podia ser de outra maneira que não esta. foi assim, sem mais nem menos do que seria previsto. foi como foi e é só isso.

sim, estas coisas são como são. acontecem. sem qualquer tipo de preparação. muitas vezes fazemos as coisas só porque não temos mais nada que fazer e, mais tarde, percebemos que nem isso conseguimos entender.

e é estranho. ficamos perplexos. afinal quem vive a minha vida? sou eu ou o que falta acontecer?

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Durmo menos, porque sonho demais


Durmo menos, porque sonho demais...

E o tempo passa a galopar.

Agora é noite, daqui a pouco é dia...

E o tempo foge, fugia...

A culpa não é minha

A culpa é da minha vida...

Toca o relógio.

Outro dia.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ces petits rien...

Mieux vaut n'penser à rien Que n'pas penser du tout

Rien c'est déjà Rien c'est déjà beaucoup

On se souvient de rien Et puisqu'on oublie tout

Rien c'est bien mieux Rien c'est bien mieux que tout

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Como se me vestisse de Sol todos os dias

Nesta tarde quente e solarenga, lembro a felicidade. O encandeamento dos teus olhos. O ofuscar dos teus beijos. Recordo a fome, a sede com que saboreei as horas e segredos herdados. Lembro as pontes, as margens, os lençóis. É como se me vestisse de Sol todos esses dias. São as únicas recordações que tenho de ti, não as palavras que disseste ontem, ou hoje, ou outro dia qualquer que passou. A Vida é assim... chega sem rima, mas com pressa de fugir.
E como fugi...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

como sempre


como sempre. encontro-te novamente. chegas com o sol e com a pele torrada e quente. como sempre. recebo-te entre abraços e sorrisos rasgados. rasgados até ao fundo de mim. por dentro. onde está mais quente. cheiras a regresso e a saudade. apertas-me contra ti. fundo-me em ti. a escaldar. feito metal quente a deslizar pelos caminhos dos teus braços. oiço dentro de mim o arrepio agudo do meu peito encostado ao teu. batem ao mesmo tempo todos os segundos, os sonhos e desertos que percorremos até aqui. tambores que batem corajosos. invencíveis. como sempre.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Naquela tarde, quase noite


Naquela tarde, quase noite,

debaixo de um candeeiro confessámos

aquilo que o mundo não sabe

nem o coração esquece...

terça-feira, 13 de abril de 2010

A gramática do coração


Eu podia tecer na tua pele crua o caminho da minha felicidade.
Sim, eu conseguia fazer-te sonhar com a lua descalça a teus pés...
E podia espremer todas as amarguras da tua memória para nunca mais voltarem.
Eu podia fazer tudo isto e muito mais... durante uma vida inteira e para além dela.
Eu podia fazer tanto em tão pouco tempo...
Eu podia, mas não quero.
E este verbo da 2ªconjugação, sendo transitivo, implica um complemento.
E, seja ele directo ou indirecto, não te exclui, mas também não te inclui...
Eu podia dar-te tanto ou tão pouco...
Eu podia conjugar-te em todos os tempos verbais e todos os verbos da tua vida.
No Futuro.
No Pretérito mais-que-perfeito.
E, inevitavelmente, no Infinitivo...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Inquietações...


Somos filhos de um tempo próprio.

Os descendentes de Ontem não se identificam com os indivíduos de Hoje.

Nós somos os filhos da inquietação, somos a consequência das dúvidas teóricas e das impossibilidades matemáticas.

Eles são o produto da oportunidade, reflexo dos desafios científicos e do desassossego da fé.

Seja como for, o Mundo continua a girar e a comandar o que acontece à nossa volta.

Parece-me é que vivemos todos entre a ilusão do poder e o desejo de o controlar...

quarta-feira, 17 de março de 2010

as sombras dos teus caracóis


As sombras dos teus caracóis desenham figuras em movimento nas páginas da minha vida. As histórias que contam só eu consigo perceber, pois elas falam de mim para ti... segredos contados ao ouvido... Palavras desconhecidas, mas tão comuns... Palavras tão minhas, tão de todos... Que só recordaremos mais tarde ou então nunca mais...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eu podia viver assim


Eu podia ficar aqui.
Ficar aqui deitada sobre esta cama.
Deitada sobre esta cama à tua espera.
Eu podia deixar que o tempo fugisse de mim.
Podia esperar que as memórias desaparecessem e
que eu deixasse de saber quem tu eras.
Eu podia viver assim.

Apenas isso...

Sim, às vezes ainda me lembro de ti. Dos teus braços apaziguadores, dos teus carinhos sedutores. Ainda mordo o lábio quando penso em nós. Não foi nada estravagante, nem monótono, este nosso encontro. Foi aquilo que foi, apenas isso.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

o bater do coração


às vezes fica só...

fica só ali a bater por bater...

bate num tempo próprio...

bate num compasso desacertado do tempo...

numa dança cujos os passos nunca se repetem...

e às vezes...

já não vive...

mas também não morre...