segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Nós e a cidade

A cidade é realmente o berço dos arrependidos. Toda a sua candura matinal se confunde numa perfeita simbiose entre os rostos perdidos. As frustrações, guardadas dentro de cada um de nós, parecem fazer mais sentido do que nunca quando estamos no coração da cidade.

Só nós, os tristes, continuamos a perceber o quanto a cidade é magnifica nas suas tonalidades frias e obscuras de cada esquina.Só nós nos recusamos a ziguezaguear por entre as poças de água das calçadas, feito baratas tontas caminhando pelos labirintos citadinos.

Só nós recebemos de braços abertos as primeiras chuvas. E, só nós conseguimos gelar os nossos pulmões ao respirar bem fundo em cada manhã fresca. Só nós conseguimos dizer bem alto, no mais profundo de nós mesmos, "Estou viva!"

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pecados...

Teus olhos percorrem meu corpo com mãos ardentes. Adivinhas o meu paladar sem me beijares. És como uma tempestade que me envolve em desejo e desespero. És como um farol que me ilumina as noites e os sonhos. Dizes que são os meus olhos que te enlouquecem, mas são os teus que me deixam em brasa. E nesta loucura que é a vida, é aos teus pés que deixo a minha. E como é bom amar-te em pecado...

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Entre olhares

Teus olhos te denunciam. Meus olhos te desejam. Tuas mãos irrequietas fazem promessas de amor. Minhas mãos despertas desfazem-se sem qualquer pudor. Não, não precisas de dizer nada. Sei de cor o que sentes e o que esperas. Ambos conhecemos o caminho que percorremos. Sabemos que vamos descarrilar...

sábado, 1 de novembro de 2008

Aconteceu - Ana Moura

Aconteceu... eu não estava à tua espera
E tu não me procuravas nem sabias quem eu era
Eu estava ali só porque tinha que estar
E tu chegaste porque tinhas de chegar
Olhei p'ra ti, o mundo inteiro parou
Nesse instante a minha vida
A minha vida mudou
Tudo era para ser eterno e tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, o que foi que aconteceu
Aconteceu... chama-lhe sorte ou azar
Eu não estava à tua espera e tu voltaste a passar
Nunca senti bater o meu coração
Como senti ao sentir a tua mão
Na tua boca o tempo voltou atrás
E se fui louca, essa loucura
Essa loucura foi pouca


São raras as vezes em que, para além de um magnifico poema, também temos o privilégio de ouvir uma magnifica voz. Clique sobre o título e delicie-se com este presente...